Mulheres representam 56% do total de acadêmicos e 54% do número de colaboradores e professores. 76% dos cargos estratégicos da faculdade são ocupados por mulheres.
Durante a cerimônia do Oscar 2018, a atriz Frances McDormand recebeu a estatueta de melhor atriz por sua atuação no filme Três Anúncios para Um Crime e pediu que todas as mulheres indicadas em alguma categoria da premiação ficassem de pé para serem aplaudidas. Após aplausos calorosos, ela encorajou e exigiu mais espaços para mulheres no mercado. O gesto simbólico de Frances ilustra um fenômeno que ganha força a cada dia: nunca se falou tanto em igualdade de gênero e empoderamento feminino. Na faculdade Avantis, 59% dos acadêmicos dos cursos de graduação são mulheres, 76% dos cargos estratégicos e de gestão são ocupados por mulheres e na soma geral da quantidade de colaboradores e professores elas também são maioria: 54%.
Esses números ganham ainda mais importância quando comparados com os dados nacionais. Segundo uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última quarta-feira, dia 7, as mulheres ocupam apenas 37,8% dos cargos gerenciais no país, recebem apenas recebem 76,5% do montante recebido pelos homens, mesmo com o índice maior de nível superior completo, além de dedicarem a média de 18,1 horas semanais para afazeres domésticos, contra 10,5 horas semanais dos homens.
Isabel Regina Depiné Poffo ocupa desde 2007 o cargo de diretora geral da Avantis e destaca que as mulheres possuem um perfil muito comprometido para o trabalho. “Não fazemos nenhuma distinção de gênero, mas percebemos que o trabalho voltado para a área educacional requer habilidades muitas vezes rotuladas como femininas. Não raro, elas se saem melhor na função”, comenta.
Isabel relata que o fato de mulheres assumirem cargos importantes na instituição é um incentivo para as acadêmicas de todos os cursos. Ela relembra os desafios de sua trajetória profissional, durante seus 38 anos na carreira educacional. “Eu vejo uma dificuldade em ser mulher pelas experiências que vivi na minha trajetória profissional. Muitas decisões que deveriam ser tomadas e que sugeri, teve que vir uma outra pessoa, um homem, para que ela fosse acatada. Se eu fosse homem e falasse a mesma coisa, a credibilidade teria sido maior” afirma a diretora.
Já a gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão, Gabriella Depiné Poffo, esclarece que para a mulher se destacar no mercado em cargos de gestão, como o ocupado por ela, é necessário muito estudo, credibilidade de fala e experiência. Ela ainda afirma que as empresas precisam ter uma postura real de igualdade de direitos. “A faculdade trabalha essa questão de gênero na prática, pois sabemos que ainda precisam ser descontruídos muitos tabus. Aqui o professor, homem ou mulher, ganha o mesmo salário conforme a titulação, as tratativas de gestão são iguais tanto para o homem quanto para a mulher” diz.
Sobre o futuro, Gabriella tem uma visão otimista. “As mulheres estão dando os passos para o seu crescimento profissional e irão conquistar essa igualdade salarial, porque elas já mostram que são muito habilidosas, competentes e têm capacidade de governar não só coisas pequenas, mas coisas grandes, tanto que a maioria dos nossos alunos são mulheres”, conclui.
Para a psicóloga e mestre em Psicologia, Eliz Marine Wiggers, a data é também de reflexão sobre os muitos casos de violência e submissão recorrentes no país. “Por isso evidenciar esses cargos de diretoria e gerência em setores estratégicos e espaços de trabalho, na Avantis e fora dela, valoriza o potencial da mulher, representando não só um espaço de empoderamento feminino, mas também de luta”, frisa.
Segundo a psicóloga, apesar das mudanças recentes, ainda existe na mídia uma imagem construída da mulher como um objeto corporal de consumo. Desmistificar essas ideias é essencial para que as pessoas passem a socialmente ver as situações pelo ponto de vista do empoderamento da mulher. “Muitas vezes a mulher não consegue reconhecer processos de relacionamentos abusivos, por exemplo, por essa construção histórica de que ela é menor ou submissa”, analisa Eliz.
A também psicóloga e especialista em Psicologia Clínica, Maria Balbina Gappmayer, chama a atenção para o fato de que o Dia da Mulher não é mais visto apenas como uma data de celebração. “Antigamente as pessoas viam essa postura com maus olhos, hoje não, elas concordam a agradecem por esse posicionamento. Esses importantes indicativos nos fazem entender que a forma como a mulher é vista e o respeito à individualidade de cada uma estão sendo repensados”.
Quem também enxerga essa mudança é a acadêmica de Arquitetura e Urbanismo, Gabriela Mazurechen. “Na minha área, especificamente, enxergo que não existe um desrespeito tão grande. O mundo está mudando de muitas maneiras mas, ainda assim, muitos dos arquitetos famosos e reconhecidos são homens”, comenta. “O machismo ainda existe em todos os meios, mas no ambiente acadêmico raramente ouço algo que me desagrada”, completa.
Todas as entrevistadas concordam que ainda há muitos desafios e espaços a serem conquistados, mas acreditam que o cenário caminha para isso. “A mulher só vai conseguir ter igualdade quando isso não ficar apenas na lógica do discurso para também se tornar um vivência prática” finaliza Eliz.