É preciso coragem pra ser quem a gente realmente é. De verdade. Sem máscaras. E é ainda mais corajoso trilhar o caminho de conhecer a si mesmo pra retirar estas máscaras. Pra entender porquê e como elas se instalaram no nosso rosto e na nossa vida. Pra revirar a própria história e entender cada comportamento, cada reação e cada emoção repentina e sem motivo aparente (que geralmente são as que tem mais motivos, inclusive).
Todos os dias surge na internet uma página, um perfil ou um coach novo que mostra uma técnica, uma ferramenta ou alguma nova pseudociência pra alcançar o ideal de como a gente deveria ser. E de deveria em deveria a gente vai se perdendo de si mesmo. Se cobrando estar em um estado que não é verdadeiro, como por exemplo o de gratidão (o que hoje em dia parece ser obrigatório nas redes sociais). E de tanto verbalizar aquilo que não é verdadeiro, de tanto mostrar um sentimento que gostaria de estar sentindo, mas ainda não se sente de verdade, surge a culpa e o medo de que alguém em algum momento perceba que isso não é verdadeiro. Porque nós mesmos, no fundo, sabemos que não é.
Leva muito tempo pra gente aprender a ser livre. Liberdade não é fazer aquilo que quer, quando quer. Ser livre não tem a ver somente com atitudes, mas principalmente com estados mentais e emocionais. Porque fazer aquilo que quer, com qualquer motivação que não seja totalmente consciente, clara e principalmente verdadeira, ainda é um tipo de prisão.
Ser realmente livre, tem a ver com se permitir sentir conscientemente e compreensivamente, mesmo que aquilo que se sinta não seja considerado nobre ou adequado. Tem a ver com não negar nada do que se é, porque se tem consciência de que é o seu caminho. Única e exclusivamente seu. E principalmente, com se sentir confortável sendo quem se é, em todas as suas formas físicas, em todos os seus estados emocionais. Com uma lealdade, respeito e confiança em si mesmo tão fortes que nenhum estímulo externo consegue extinguir, mesmo quando há insegurança ou medo envolvidos. Mas isso é uma construção e não algo que surge repentinamente.
Conhecer a si mesmo exige honestidade, paciência e uma boa dose de amizade consigo mesmo. Aquela amizade que compreende tudo, que abraça tudo em você e que topa todas as aventuras. Que não vai te culpar quando você errar e também não vai cobrar perfeição. Que entende que você não está nesse mundo pra suprir as expectativas dos outros. Mas que também protege das “frias” que às vezes a vida coloca no nosso caminho. E quanto mais a gente se conhece, se reconhece e confia em si mesmo, na própria verdade, menos medo tem de ser quem é, da reprovação, das críticas, de se arriscar e construir a própria história.